Quase 600 jabutis resgatados do tráfico no RJ serão devolvidos ao Maranhão; 52 filhotes morreram

 Cinquenta e dois filhotes de jabuti morreram vítimas de maus-tratos após serem transportados ilegalmente em malas. Eles estavam entre os 650 animais silvestres apreendidos no dia 31 de julho pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) na BR-116, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro.

Os jabutis eram levados de Feira de Santana, na Bahia, para Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por um homem que já havia sido preso pelo mesmo crime em 2015. Ele foi detido novamente no momento da apreensão.

Os quase 600 filhotes sobreviventes foram levados ao Instituto Vida Livre, no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio. De acordo com o presidente da instituição, Roched Seba, os animais chegaram em estado crítico.

“Eles estavam desidratados, famintos, alguns com hipotermia. Fizemos aquecimento, banhos quentes, exames clínicos e, em alguns casos, uso de medicamentos”, explicou Seba.

Após o tratamento emergencial, a próxima etapa será a transferência dos jabutis ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, em São Luís, no Maranhão — habitat natural da espécie.

“Estamos buscando apoio de companhias aéreas para garantir essa repatriação. Esses jabutis ocorrem nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e o centro de São Luís tem estrutura adequada para recebê-los”, acrescentou Seba.

Rio de Janeiro está na rota do tráfico de animais

Especialistas alertam que o Rio de Janeiro é um ponto estratégico do tráfico de fauna silvestre no Brasil. O estado é usado para legalizar documentos fraudulentos, escoar animais por meio de portos, aeroportos e rodovias, além de abrigar feiras clandestinas e estabelecimentos que comercializam espécies ilegalmente.

Juliana Ferreira, diretora executiva da Freeland Brasil — uma das principais ONGs de combate ao tráfico de fauna no país — destacou a fragilidade da fiscalização no estado.

“Temos feiras de rolo, lojinhas de fauna, estradas e aeroportos como canais para o escoamento. Regiões como Duque de Caxias e Honório Gurgel são pontos críticos. O consumidor final também contribui com a demanda”, afirma.

O Corpo de Bombeiros do RJ também tem registrado aumento nas apreensões de animais silvestres. Somente em 2025, foram recolhidos:

  • 3.218 gambás

  • 2.925 cobras

  • 575 aves comercializadas ilegalmente

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