Cadela vinda de Portugal desaparece em aeroporto de SP e família denuncia negligência

 Uma viagem internacional se transformou em momentos de angústia para a tatuadora Jaqueline Ramos e sua família. A cadela Esperança, que viajava de Lisboa para São Paulo, desapareceu após o desembarque na noite de segunda-feira (7), no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). Segundo a tutora, a caixa de transporte foi entregue vazia e danificada, e houve falta de apoio da companhia aérea e do aeroporto.

Esperança veio ao Brasil acompanhada de uma conhecida da família. A tutora, que vive em Portugal há sete anos, planeja retornar ao país no fim do ano e providenciou a vinda da cadela com todos os documentos e procedimentos exigidos. Segundo Jaqueline, a responsabilidade pela fuga foi da companhia TAP Air Portugal, que teria falhado ao lacrar corretamente a caixa de transporte.

“Orientei os funcionários sobre o uso de lacres plásticos que deixei junto da caixa, mas o agente garantiu que fariam tudo corretamente. Depois, disse que tinha travado a porta e me pediu para sair do local”, relatou Jaqueline.

Desaparecimento e reencontro do lado de fora do aeroporto

Assim que o voo aterrissou, Alexia — responsável por trazer a cadela — entrou em contato com Jaqueline dizendo que a caixa chegou vazia.

“Fui buscar a Esperança e a caixa estava aberta, com apenas um lacre rompido. Um funcionário virou as costas e foi pegar malas. Ninguém ajudou a procurar. Falaram que a cachorra abriu a porta sozinha”, contou Alexia, que estava com um bebê e outra criança de 7 anos.

Sem qualquer assistência da companhia aérea ou do aeroporto, a mãe de Jaqueline, Miriam Áurea, decidiu procurar a cadela por conta própria.

“Ela começou a orar, pedindo a São Francisco de Assis. Pouco depois, viu a Esperança do lado de fora do terminal, sendo enxotada por um funcionário”, contou Jaqueline.

Ao reconhecer a voz da avó, Esperança correu em sua direção.

“Vieram me cercar dizendo que a cadela precisava voltar porque não tinha passado pela liberação do serviço veterinário. Pediram a alça da minha bolsa para usar como coleira, porque não tinham nenhuma. A mesma cachorra que minutos antes estavam tentando expulsar, achando que era de rua”, relatou Miriam.

Empresa não respondeu; aeroporto diz que responsabilidade é da companhia aérea

Em nota, a GRU Airport, que administra o Aeroporto Internacional de Guarulhos, informou que o cuidado com animais é de responsabilidade exclusiva das companhias aéreas ou prestadores contratados. A administradora negou ter sido acionada para auxiliar nas buscas.

A reportagem entrou em contato com a TAP Air Portugal, mas não recebeu resposta até a última atualização desta matéria.

"Devastador", diz tutora

Para Jaqueline, que acompanhou tudo à distância, a situação foi traumática.

“Foi uma madrugada sem dormir, ligações sem resposta, um desespero por não conseguir ajudar. Uma dor imensa saber que minha filhinha estava perdida, sozinha, sem mim por perto para protegê-la.”

 

Histórico semelhante: o caso Pandora

Essa não é a primeira vez que uma situação assim acontece no aeroporto de Guarulhos. Em dezembro de 2021, a cadela Pandora também escapou de sua caixa de transporte durante uma conexão de voo. Ela ficou 45 dias desaparecida até ser encontrada, após mobilização da companhia aérea Gol, voluntários e o tutor.

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