Moradores, trabalhadores e turistas enfrentam dificuldades diárias devido à ausência de banheiros públicos gratuitos em alguns dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro. Locais icônicos como a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Aterro do Flamengo, a Zona Portuária e o Centro histórico carecem de infraestrutura sanitária básica, mesmo sendo áreas de intensa circulação.
Na Lagoa, por exemplo, banheiros públicos foram retirados. Segundo Helder Ribeiro, operador de estacionamento próximo ao Jardim de Alah, a remoção ocorreu por causa de depredações e vazamentos constantes. “Eram dois banheiros. Foram retirados por conta do mau uso. O pessoal depredava, tinha vazamentos direto”, relatou. Sem alternativas, frequentadores improvisam. “O pessoal vem apertado, não tem onde se aliviar, procura árvore, atrás de caminhão. Vejo isso direto”, acrescentou Helder.
Professores e alunos do projeto social “Tênis na Lagoa” também sofrem com a ausência de banheiros. Eles contam com a solidariedade de frentistas de um posto de gasolina da região. “O pessoal do posto ajuda, deixa usar o banheiro. Mas banheiro público aqui não tem”, contou o professor Eduardo Gomes.
A única estrutura disponível perto do campo de baseball da Lagoa é um mictório masculino em condições precárias. Frequentadora diária, Luana Mello descreveu: “Alagado, com cheiro forte e chão sujo de urina. Para mulheres, não há absolutamente nada”.
No Aterro do Flamengo, os banheiros só funcionam durante o Carnaval, de acordo com relatos de frequentadores. Já na orla da Zona Sul, os postos de salvamento cobram R$ 3,50 pelo uso do banheiro, o que dificulta o acesso de trabalhadores como Vitória Barbosa, barraqueira. “Fico aqui das 6h até as 22h. Às vezes não tenho condição de pagar e tenho que ir ao mato ou na areia”, afirmou.
O problema também afeta o turismo. Taxistas relatam situações em que turistas precisam procurar restaurantes ou estabelecimentos comerciais para usar o banheiro. “O passageiro pede pra parar, e a gente diz: ‘Tenta no restaurante, se aceitarem...’. Acho que o Rio, que recebe tanto turista, deveria ter banheiro público”, destacou o taxista Francisco Mesquita.
Turistas também se queixam. Vanessa San Martín, do Chile, lamentou: “Deveria haver banheiro público mais perto. É um grande problema, sobretudo com crianças. Elas são as que mais precisam”.
No Largo da Prainha, Zona Portuária, o gerente de restaurante Renato Nonato também apontou os impactos da ausência de banheiros. Ele permite que não-clientes usem o sanitário do restaurante, mas alerta para o custo disso. “Na maioria das vezes, a gente deixa. Mas temos um custo elevado. Poderia haver mais banheiros químicos na região”, sugeriu.
Prefeitura não responde diretamente à denúncia
Procurada, a Prefeitura do Rio não se manifestou sobre a ausência de banheiros públicos nos pontos citados. Em nota, informou apenas que parques como a Quinta da Boa Vista, Madureira, Pavuna, Realengo, Oeste e Rita Lee (Barra da Tijuca) contam com banheiros públicos com manutenção periódica.
Enquanto isso, a falta de infraestrutura sanitária segue impactando negativamente a experiência de moradores e turistas — e manchando a imagem de uma das cidades mais visitadas do país.