Pelo menos 33 alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Professor João Euclydes Pereira, localizada na Vila Serventina, em Osasco (SP), passaram mal na última terça-feira (26) após a realização de uma dedetização na unidade escolar. Uma criança de 8 anos precisou ser internada na UTI com um quadro grave de infecção intestinal.
Segundo relatos de pais e responsáveis, os estudantes apresentaram sintomas como ardência nos olhos, garganta e nariz. O atendimento de emergência foi feito por duas equipes do SAMU, acionadas ainda dentro da escola.
A dedetização foi realizada na noite anterior (segunda-feira, 25), por meio do método de nebulização, que espalha produtos químicos em forma de névoa para eliminar insetos. De acordo com a Prefeitura de Osasco, o procedimento seguiu os protocolos do Ministério da Saúde, e o espaço estaria liberado para uso 20 minutos após a aplicação.
Contudo, ainda na segunda-feira — antes da dedetização — os alunos já haviam relatado à direção um gosto ruim e adocicado na água consumida na escola. Mesmo com as queixas, não houve orientação para suspender o uso da água ou interromper as aulas. Algumas crianças chegaram a passar mal ainda naquele dia, após ingerirem a água.
Na manhã seguinte, além de continuarem com sintomas, os estudantes notaram um forte cheiro de veneno nas salas e um pó branco sobre as carteiras. Segundo os relatos, a própria professora tentou limpar os resíduos com pano e álcool, com a ajuda dos alunos. Pouco tempo depois, vários estudantes começaram a reclamar de ardência nos olhos e dores estomacais.
"Na segunda, as crianças já reclamavam que a água estava com gosto adocicado. Na terça, encontraram um pó branco nas carteiras e cheiro forte nas salas. A professora tentou limpar, mas minutos depois, várias crianças começaram a passar mal", contou Larissa Rodrigues, mãe de um dos alunos.
O caso mais grave foi o do filho de Larissa, Heitor, de 8 anos, que cursa o 3º ano do ensino fundamental. Ele precisou ser internado na UTI do Hospital São Luiz e permaneceu três dias hospitalizado. De acordo com o laudo médico obtido , a criança teve uma infecção intestinal severa, mas os médicos não conseguiram determinar a causa exata.
Na quarta-feira (3), Larissa registrou boletim de ocorrência no 10º Distrito Policial de Osasco, acusando a direção da escola de negligência e lesão corporal. “Se já havia queixa sobre a água, a escola deveria ter suspendido as aulas. Em vez disso, fizeram uma dedetização e deixaram as crianças expostas. Foi um risco desnecessário”, criticou.
Além dela, pelo menos outras duas mães também registraram ocorrência contra a unidade escolar.
O que diz a Prefeitura de Osasco
Em nota, a Prefeitura confirmou que 33 alunos apresentaram sintomas como irritação nos olhos, garganta e nariz, sendo atendidos pelo SAMU na própria escola. Reforçou que a dedetização ocorreu na noite anterior, utilizando produto à base de água e com liberação do ambiente após 20 minutos.
Sobre o caso do aluno internado, a Prefeitura informou que os sintomas começaram antes da dedetização e que ele não compareceu à escola na terça-feira, quando os demais alunos passaram mal. Por isso, segundo a Secretaria de Educação, inicialmente descartou-se uma relação direta entre o quadro clínico da criança e o procedimento químico.
A água da escola foi analisada pela Vigilância Sanitária, que constatou que ela estava límpida, transparente e sem odor. No entanto, amostras foram enviadas ao Instituto Adolfo Lutz para exames laboratoriais mais detalhados. O resultado deve sair em até 20 dias.
A Prefeitura afirmou que mantém o acompanhamento contínuo da situação e reforça seu compromisso com a segurança dos estudantes, prestando esclarecimentos à comunidade escolar.