O Sistema Produtor Alto Tietê (Spat) encerrou o mês de agosto de 2025 com 29,47% da sua capacidade, segundo dados da Sabesp. Embora o índice seja mais do que o dobro do registrado em agosto de 2015 — auge da crise hídrica, quando o sistema operava com apenas 13,82% —, especialistas alertam que o volume ainda é considerado baixo e preocupante, especialmente diante da influência do fenômeno climático La Niña e da persistência de um período seco.
🌧️ Clima seco e influência da La Niña
O professor Antonio Carlos Zuffo, especialista em Hidrologia e Gestão de Recursos Hídricos da Unicamp, alerta que o sistema segue em estado de atenção.
“Estamos vindo de dois anos mais secos. O ano passado foi muito seco, e este ano também está sendo mais seco do que o anterior”, afirma o especialista.
O fenômeno La Niña, caracterizado pelo resfriamento de pelo menos 0,5°C das águas do Oceano Pacífico Equatorial, tende a reduzir o volume de chuvas no Sudeste. A Organização Meteorológica Mundial estima que há 60% de chance de o fenômeno impactar o Brasil ainda neste mês, o que pode comprometer a recuperação dos reservatórios no período tradicionalmente chuvoso.
📊 Comparativo com a crise de 2015
Durante a grave crise hídrica de 2014–2015, o Sistema Alto Tietê chegou a operar com menos de 14% de sua capacidade, afetando diretamente o abastecimento em cidades como Suzano, Mogi das Cruzes, Arujá e Itaquaquecetuba.
Em 2025, embora o volume atual represente uma recuperação parcial, a situação ainda exige atenção. Represas como Paraitinga e Ponte Nova apresentaram melhora, mas outras, como a Biritiba, registraram queda em relação a 2015.
“Abaixo de 40% da capacidade, já é hora de acender o alerta. Não é momento para pânico, mas sim para economia consciente”, afirma Zuffo.
Ele ressalta que estamos vivendo um ciclo climático mais seco, que pode durar até quatro décadas — semelhante ao registrado entre 1935 e 1976. Segundo ele, o período úmido entre 1976 e 2012 deu lugar, a partir de 2013, a anos com menos chuvas e mais risco de estiagem.
💧 Ações de contenção e economia
A Sabesp tem adotado medidas para mitigar os efeitos da estiagem no sistema. Entre as principais ações estão:
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Transposição do rio Itapanhaú para a represa de Biritiba, com bombeamento de até 2 mil litros por segundo.
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Gestão noturna da pressão da água, reduzindo o fornecimento durante a madrugada, o que já economizou 690 milhões de litros em apenas duas noites.
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Campanhas de conscientização, incentivando o uso racional da água: banhos curtos, fechar a torneira ao escovar os dentes, evitar uso de mangueira em áreas externas, entre outras práticas.
💡 Entenda o Sistema Alto Tietê
O Spat é composto pelas represas:
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Biritiba
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Jundiaí
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Paraitinga
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Ponte Nova
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Taiaçupeba
Esses reservatórios estão localizados em Biritiba-Mirim, Mogi das Cruzes, Salesópolis e Suzano, e respondem por 28% da reserva de água disponível para a Região Metropolitana de São Paulo. Além da capital, o sistema atende Arujá, Itaquaquecetuba, Poá, Ferraz de Vasconcelos, Santo André e parte de Mauá.