Enquanto o Ministério da Saúde anunciou que o Implanon será incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) ainda em 2025, apenas três municípios do Alto Tietê — Guararema, Mogi das Cruzes e Suzano — já disponibilizam o método na rede básica de saúde.
Outras cidades da região, como Arujá, Ferraz de Vasconcelos, Itaquaquecetuba e Poá, ainda não oferecem o Implanon, mas garantem acesso a outras opções de contracepção (veja abaixo). Já Biritiba-Mirim, Santa Isabel e Salesópolis não responderam aos questionamentos da reportagem até a última atualização.
De acordo com as prefeituras, no primeiro semestre de 2025, foram realizados cinco implantes em Mogi das Cruzes e 358 em Suzano, o que evidencia um crescimento significativo na procura e adesão ao método.
O que é o Implanon?
O Implanon é um implante contraceptivo hormonal subcutâneo, em forma de uma pequena haste flexível de cerca de 4 cm. Inserido sob a pele do braço, libera gradualmente o hormônio etonogestrel, que inibe a ovulação, espessa o muco cervical e altera o endométrio, dificultando a gravidez.
Com uma eficácia superior a 99,9%, o contraceptivo tem duração de três anos e, após esse período, deve ser substituído. O custo do Implanon no Brasil varia entre R$ 800 e R$ 1.200, sem incluir o valor do procedimento — que pode ou não ser coberto por convênios médicos.
Relatos de quem usa
A enfermeira Ana Paula Baptistelli dos Reis, moradora de Suzano, utiliza o Implanon há dois anos e meio. Ela destaca que o método trouxe melhora significativa em sua qualidade de vida.
“Optei pelo Implanon por causa da praticidade e da liberdade no dia a dia. Percebi redução do fluxo menstrual, fim das cólicas e nenhum inchaço — efeitos comuns em outros métodos que já usei”, contou.
Desde a adolescência, Ana Paula sofria com dismenorreia (cólicas menstruais intensas). Após a inserção, os sintomas desapareceram completamente.
Outra usuária, Julia Senne Silva, de 21 anos, moradora de Mogi das Cruzes, está há sete meses com o implante. Ela escolheu o método pela baixa taxa de falha, duração prolongada e facilidade na aplicação.
“Investi R$ 1.800 no procedimento. A inserção foi rápida e tranquila, com anestesia local. Houve um pequeno sangramento, mas o curativo precisa apenas ser mantido seco por 24 horas”, relatou.
Indicações e contraindicações
A ginecologista e obstetra Carolina Zendron, de Mogi das Cruzes, explica que o Implanon pode ser usado por qualquer mulher em idade reprodutiva, desde que não haja contraindicações, como:
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Doença hepática grave;
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Histórico ou presença de câncer de mama hormônio-dependente;
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Trombose ou embolia venosa ativa.
Ela reforça que o método é especialmente indicado para adolescentes, mulheres entre 18 e 35 anos, no pós-parto, em fase de amamentação ou que não podem utilizar estrogênio.
Entre os benefícios, a médica destaca:
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Alta eficácia;
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Longa duração (3 anos);
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Conforto (não requer uso diário);
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Reversibilidade após a retirada;
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Redução de cólicas e até ausência da menstruação.
Os efeitos colaterais mais comuns incluem: alterações no ciclo menstrual, acne, dor de cabeça, sensibilidade nas mamas, mudanças de humor e variações de peso — que variam de mulher para mulher.
A inserção do Implanon é feita em consultório, com anestesia local e leva de 5 a 10 minutos. Exames prévios são necessários, especialmente em casos de risco cardiovascular ou doenças hepáticas.
Como está a oferta nas cidades do Alto Tietê
Guararema
Oferece o Implanon na rede pública, com prioridade para:
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Adolescentes com risco de segunda gravidez;
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Pacientes com transtornos psiquiátricos atendidas no CAPS;
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Mulheres em situação de vulnerabilidade social.
A inserção exige triagem, entrevista com equipe de enfermagem, ações educativas sobre planejamento familiar, consulta ginecológica e avaliação pelo setor materno-infantil. No mesmo dia, a paciente assina o termo de consentimento e recebe o cartão com o registro do implante.
Outros métodos disponíveis: anticoncepcionais orais e injetáveis, DIU, preservativos, laqueadura, vasectomia e pílula do dia seguinte.
Mogi das Cruzes
Implanon está disponível desde o início de 2025, com cinco procedimentos registrados até julho. É indicado, principalmente, para mulheres em situação de vulnerabilidade.
Usuárias são identificadas pelas equipes do programa Consultório na Rua ou nas UBSs, mediante avaliação médica.
Outros métodos oferecidos: anticoncepcionais orais, injetáveis, preservativos, DIU e laqueadura.
Suzano
Pioneira na oferta, desde 2022. Em 2025, já foram realizados 358 implantes só no primeiro semestre, mais que o triplo do mesmo período em 2024.
Grupos prioritários:
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Adolescentes (14 a 18 anos);
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Pacientes do CAPS;
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Usuárias de substâncias psicoativas;
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Vítimas de violência atendidas pelo Núcleo de Prevenção à Violência;
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Mulheres em vulnerabilidade social;
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Mulheres com HIV;
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Mulheres privadas de liberdade.
É necessário participar de uma reunião de planejamento familiar nas UBSs.
Também são oferecidos: anticoncepcionais orais e injetáveis, pílula do dia seguinte, DIU, preservativos, vasectomia e laqueadura.
Arujá
Não oferece o Implanon e não informou quais métodos estão disponíveis.
Ferraz de Vasconcelos
Não disponibiliza o Implanon. Oferece: anticoncepcionais orais, injetáveis e DIU.
Itaquaquecetuba
Ainda não fornece o Implanon, mas aguarda repasse do Ministério da Saúde. Oferece: injetáveis, pílulas, DIU, preservativos, laqueadura e vasectomia.
Poá
Não oferece o Implanon, mas busca recursos federais para aquisição. Disponibiliza: pílulas anticoncepcionais, preservativos e DIU.
Sem resposta
Biritiba-Mirim, Santa Isabel e Salesópolis não responderam