Pelo menos mais nove ônibus foram apedrejados entre a segunda-feira (7) e esta terça-feira (8) na Grande São Paulo, de acordo com apuração da TV Globo. Com esses casos, o número total de ataques a coletivos na região metropolitana desde 12 de junho chegou a 554.
O padrão das agressões se repete: alguém atira uma pedra no ônibus, geralmente atingindo janelas ou vidros, o que obriga o veículo a sair de circulação. Um dos casos mais recentes aconteceu no último domingo (6), por volta das 16h30, em São Bernardo do Campo. Câmeras de segurança flagraram o momento em que um homem, usando boné, lançou uma pedra contra um ônibus da EMTU logo após ele sair de um ponto na Estrada dos Alvarengas.
Segundo o boletim de ocorrência, o motorista achou que a pedra havia atingido apenas a lataria, mas uma passageira alertou sobre o vidro quebrado. Ninguém ficou ferido, mas a viagem precisou ser interrompida, e o ônibus foi recolhido à garagem.
Diante da frequência dos ataques, empresas de transporte estão reforçando seus estoques de peças de vidraçaria e funilaria para tentar evitar que os veículos fiquem parados por longos períodos. Um dos operadores do sistema calcula um prejuízo de R$ 16 mil por vidro quebrado, somando o custo dos reparos e as multas aplicadas pela SPTrans por não manter o ônibus em circulação.
Até mesmo a linha especial que faz o trajeto entre os aeroportos de Congonhas e Guarulhos foi alvo dos vândalos.
Prisões
Desde o último sábado (5), a polícia prendeu três homens e apreendeu um adolescente suspeitos de envolvimento nos ataques. Um dos presos, Éverton de Paiva Balbino, foi detido no domingo (6), acusado de ter lançado uma pedra, no dia 27 de junho, contra um ônibus na Zona Sul da capital. A pedra atingiu uma mulher sentada em um dos bancos, provocando fraturas no rosto e risco de morte. Ele foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado e dano qualificado.
Imagens de uma câmera de segurança mostram o momento em que um carro vermelho para próximo à Avenida Washington Luís. Um homem desce, vai até a calçada e arremessa a pedra contra o ônibus. O veículo utilizado na ação também foi apreendido.
Segundo o delegado Fernando Santiago, responsável pela investigação, o suspeito afirmou que o ataque teria sido motivado por uma suposta briga de trânsito, o que ainda não foi comprovado pelas imagens. “Ele não consegue justificar por que escolheu aquele local e diz que não mirou na janela, mas a distância entre ele e o ônibus era de apenas três metros”, afirmou o delegado.
Outros dois homens foram presos em flagrante no sábado após depredarem ônibus nos bairros de Pirituba e Santo Amaro, nas zonas Oeste e Sul de São Paulo.
Causas e consequências
Na maioria dos casos, os ataques envolvem pedras arremessadas contra os veículos, danificando janelas e obrigando a retirada dos coletivos de operação. Em um dos episódios, na madrugada de quinta-feira (3), diversos ônibus danificados chegaram em fila ao 47º Distrito Policial, no Capão Redondo.
A Prefeitura de São Paulo afirma que a população mais prejudicada pelos atos de vandalismo é justamente a de baixa renda, que depende do transporte público e fica desassistida com a retirada dos veículos.
Linhas de investigação
A Polícia Civil trabalha com três hipóteses principais para os ataques:
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Ação coordenada por integrantes do PCC, embora ainda sem motivação clara;
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Influência de desafios em redes sociais, que incentivam atos de vandalismo;
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Sabotagem por parte de empresas que perderam contratos com a prefeitura.
Até o momento, nenhuma das linhas foi confirmada ou descartada.
A Polícia Militar colocou em operação, desde 2 de julho, a "Operação Impacto e Proteção a Coletivos", com base em mapeamentos estratégicos realizados em conjunto com a Polícia Civil.
O Sindicato dos Motoristas de São Paulo informou que tem buscado medidas para reforçar a segurança de trabalhadores e passageiros, e solicitou uma reunião urgente com a Secretaria de Segurança Pública para tratar da escalada de violência