Mais de 20 ônibus foram usados como barricadas por criminosos nesta terça-feira (15), na comunidade da Serrinha, em Madureira, Zona Norte do Rio de Janeiro. Os coletivos foram bloqueados para impedir a ação da Polícia Militar na região, gerando momentos de muita tensão e medo entre motoristas e passageiros.
Um dos motoristas contou:
“Foi um momento de tensão. Vieram um pessoal encapuzado tocando o terror, mandaram eu atravessar o carro na pista, sabe?! Todo mundo correndo, os passageiros descendo apavorados. Aí atravessaram os carros na pista.”
Outro motorista relatou que teve a chave do ônibus quebrada propositalmente:
“Tiraram a gente do volante, quebraram a chave na ignição. Tanto que o ônibus não conseguia mais ligar. Só sei que foi uma cena de terror, parecia que eu estava numa guerra.”
A operação da Polícia Militar começou pela manhã, mas os bandidos continuaram se apoderando de ônibus ao longo do dia, usando-os como barricadas e ateando fogo em caçambas de lixo nas ruas da região. O trânsito chegou a ser interditado nos dois sentidos da via, segundo o Centro de Operações Rio.
Um motorista, visivelmente cansado da rotina, desabafou:
“Já estou acostumado com a violência no estado do Rio. Virou cotidiano. Quem trabalha com isso todo dia já se acostumou. Não adianta dizer que é diferente, não é. É normal.”
De acordo com a Rio Ônibus, o número de coletivos usados como barricadas em 2025 já superou o total registrado no mesmo período do ano passado. Até julho de 2024, foram 74 ônibus sequestrados; em 2025, já são 82.
A Polícia Militar reconhece a dificuldade em prevenir esse tipo de ação:
“É algo complicado por conta das várias entradas e saídas das comunidades. Uma pessoa pode estar parada no ponto, anunciar para o motorista parar, tomar a chave e sair com o veículo. O grau de previsibilidade é muito baixo”, explicou a tenente-coronel Cláudia Moraes.
Desde segunda-feira (14), agentes do Comando de Operações Especiais (COE) realizam uma operação na Serrinha para combater o tráfico de drogas na região, comandada pelo traficante Wallace Brito Trindade, conhecido como Lacoste.
Em função da insegurança, quatro escolas municipais da área suspenderam as atividades temporariamente.
O porta-voz da Rio Ônibus, Paulo Valente, fez um apelo às autoridades:
“É preciso um plano para prevenir esses ataques. No início da operação, que haja apoio para ordenar o trânsito e impedir manifestações violentas. O uso de ônibus como barricadas e a queima de lixo têm como ser prevenidos.”
