A Justiça do Rio de Janeiro concedeu nesta quinta-feira (17) prisão domiciliar a Danúbia de Souza Rangel, ex-mulher do traficante Nem da Rocinha. Ela havia sido presa no último dia 5, horas após dar à luz em uma maternidade particular na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
Danúbia cumpria pena na Unidade Materno-Infantil (UMI), no Complexo Penitenciário de Bangu, após ter a prisão decretada por condenação em um processo de lavagem de dinheiro iniciado em 2017. A pena é de 9 anos e 4 meses em regime fechado, mas agora será cumprida em domicílio, com uso de tornozeleira eletrônica.
Segundo a decisão judicial, a filha recém-nascida tem síndrome de Down e precisa de cuidados especiais, o que embasou o pedido da defesa para a mudança de regime. A legislação permite que mulheres condenadas que tenham filhos de até 12 anos com necessidades específicas possam cumprir pena em casa.
A prisão domiciliar, no entanto, tem restrições rigorosas: Danúbia não poderá sair de casa sem autorização da Justiça, não poderá utilizar meios eletrônicos para se comunicar e está proibida de receber visitas em sua residência.
Nas redes sociais, o rapper Hcalvin, atual companheiro de Danúbia e pai da criança, comemorou a decisão com a frase: “Deus é justo”.
Prisão após o parto e desabafo em vídeo
Danúbia foi presa instantes após o parto. Ainda na maternidade, gravou um vídeo pedindo justiça e relatando o impacto emocional da situação:
“Um recém-nascido que está precisando da mãe, de amor, de carinho, que está precisando estar dentro de casa. Eu não tô pedindo pra ninguém fazer nada além do justo”, afirmou.
Ela alegou que sabia da existência do mandado de prisão, mas não se entregou por questões de saúde durante a gestação:
“Não me entreguei porque minha filha estava na posição pélvica, uma posição perigosa. Optei pela minha vida e pela vida dela.”
Danúbia também contou que só soube da condição da filha após o parto:
“Ela tem síndrome. Isso está pesando demais pra mim porque na minha gravidez, em nenhum momento, acusou nada.”
Histórico judicial
Danúbia Rangel tem um histórico conhecido na Justiça. Foi presa em 2017 e cumpriu pena por associação ao tráfico de drogas e corrupção ativa. Em 2019, após progressão para o regime semiaberto, foi flagrada com um celular na cela — o que motivou seu retorno ao regime fechado. Em janeiro de 2023, deixou o Presídio de Benfica e permaneceu em liberdade por cerca de um ano e meio.
A nova prisão foi baseada em uma condenação recente, expedida em maio deste ano, relacionada ao processo de 2017. O mandado foi cumprido no início de julho.