Ataques a ônibus na Grande SP somam quase 800 veículos vandalizados em 45 dias

 A Grande São Paulo contabiliza aproximadamente 800 ônibus vandalizados desde o início de junho até esta quinta-feira (17). Os ataques ocorreram em 27 cidades da região metropolitana, com maior concentração nas zonas Sul e Oeste da capital, especialmente na Zona Sul, segundo dados do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic).

A onda de depredações, que começou no dia 1º de junho, tem assustado passageiros e motoristas. Só nesta quinta (17), foram 15 novos ataques. No total, a capital paulista registrou 466 veículos municipais danificados desde o dia 12 de junho. No sistema intermunicipal, que atende a região metropolitana, houve 289 casos registrados no mesmo período.

Linha de investigação: disputa sindical

Segundo revelou o Deic à TV Globo, a principal hipótese da polícia atualmente é que os ataques estejam relacionados a uma disputa interna no sindicato de trabalhadores do transporte urbano coletivo. A briga pelo controle da entidade já teria motivado ações judiciais e agora, possivelmente, atos coordenados para atingir empresas concorrentes.

Outras linhas de investigação — como envolvimento do crime organizado (PCC) e desafios promovidos por redes sociais — ainda estão sendo consideradas, mas com menor força diante da consistência da disputa sindical como possível causa principal.

Detidos e novas ocorrências

Na tarde desta quinta-feira (17), a Polícia Militar deteve três pessoas em um carro suspeito de envolvimento nos ataques. Os indivíduos foram levados para prestar depoimento por cerca de cinco horas e acabaram liberados. Um deles teria sido flagrado atirando bolinhas de gude nos ônibus, segundo relato da PM.

Desde o início da crise, oito pessoas foram detidas por suspeita de envolvimento nas depredações. A polícia também reconhece um “efeito de contaminação” nos atos — ou seja, pessoas sem ligação direta com o setor de transporte podem ter se aproveitado para cometer atos de vandalismo.

Principais vias com ataques

As vias mais atingidas pelos ataques, até esta quinta (17), segundo o Deic, são:

  • Avenida Cupecê: 20 ocorrências

  • Rodovia Raposo Tavares: 13

  • Avenida Senador Teotônio Vilela: 12

  • Avenida Corifeu de Azevedo Marques: 8

  • Avenida Sapopemba: 8

Três novos casos foram registrados nesta quinta (17) na capital paulista:

  • Avenida Presidente Tancredo Neves, Jardim Previdência (Zona Sul)

  • Rua Cipriano Barata, Ipiranga (Zona Sul)

  • Avenida 23 de Maio, próximo ao Centro Cultural São Paulo (região central)

Feridos e impacto social

Os ataques, que antes se concentravam no período noturno, agora ocorrem em qualquer horário, intensificando o clima de medo entre usuários do transporte coletivo. Em um dos episódios, uma criança ficou ferida por estilhaços de vidro na Avenida João Jorge Saad, no Morumbi (Zona Sul). Em outro, uma passageira foi atingida por uma pedra no rosto, sofrendo múltiplas fraturas.

A Prefeitura de São Paulo e a SPTrans informaram que as empresas atingidas têm arcado com os custos de manutenção e ainda enfrentam multas por veículos fora de circulação. A SPTrans orienta que todas as ocorrências sejam imediatamente comunicadas à central de operações e registradas junto à polícia.

Críticas à investigação

Na última segunda-feira (14), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, criticou a Polícia Civil pela demora na elucidação dos fatos. Em entrevista à GloboNews, ele declarou:
“A investigação está demorando. Precisamos entender quem está por trás disso e por quê.”

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