O empresário Vagner Borges Dias, conhecido como Latrell Brito, foi condenado nesta segunda-feira (30) a 26 anos e 8 meses de prisão em regime fechado por lavagem de dinheiro. A sentença foi proferida pela 2ª Vara Criminal de Mogi das Cruzes, no Alto Tietê. Além da pena, ele também teve três imóveis confiscados pela Justiça.
A condenação é resultado de uma denúncia feita pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que acusa Latrell de integrar um esquema de lavagem de dinheiro ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O empresário foi condenado por cometer o crime cinco vezes, o que configura concurso material de crimes, resultando no aumento da pena.
Latrell estava foragido desde abril de 2024 e foi preso em 27 de janeiro deste ano, na Bahia, onde usava uma identidade falsa. A prisão preventiva foi mantida pela Justiça devido ao risco de fuga e de descumprimento da pena.
Além da pena de reclusão, Latrell foi condenado ao pagamento de multa correspondente a 80 salários mínimos. A decisão também determinou o confisco de três imóveis, supostamente adquiridos com dinheiro de origem ilícita. Esses bens estão bloqueados judicialmente e deverão ser leiloados após o trânsito em julgado da sentença, com os valores revertidos aos cofres públicos.
Outros dois imóveis ligados ao esquema de lavagem não foram confiscados por já terem sido vendidos antes do início das investigações.
O juiz Antonio Augusto Mestieri Mancini, responsável pela sentença, negou o pedido do Ministério Público para que Latrell pagasse indenização por danos morais coletivos, alegando que não houve comprovação de prejuízo direto à sociedade.
Operação Munditia e conexões políticas
A investigação faz parte da Operação Munditia, que revelou um esquema de fraude em licitações envolvendo agentes públicos e empresários com ligações com o PCC. Em janeiro, ex-servidores da Prefeitura de Ferraz de Vasconcelos foram exonerados por envolvimento no esquema.
Latrell Brito também foi denunciado junto com outras nove pessoas, entre elas o ex-vereador Flávio Batista de Souza, o “Inha”, por fraudes em contratos públicos. A suspeita do MP é que o grupo atuava para beneficiar empresas ligadas à facção criminosa.
Em abril de 2024, mandados de busca e apreensão foram cumpridos em um imóvel de Latrell em um condomínio de alto padrão em Mogi das Cruzes. No local, a polícia encontrou três pistolas e diversas munições de calibres .380, .40 e 9mm, todas associadas ao empresário.
A defesa de Latrell foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até a última atualização deste texto.