Tudo o que peço a Ele, sou ouvida", afirma devota de 100 anos do Divino Espírito Santo

 Rosária Eugênia da Conceição, que completou 100 anos recentemente, mora em Curitiba, mas mantém uma tradição sagrada: todos os anos viaja até Mogi das Cruzes para participar da Festa do Divino Espírito Santo. A fé, cultivada desde a infância em Jacareí, hoje atravessa quatro gerações da família.

Mesmo morando no Paraná há 15 anos, após se mudar para ficar mais próxima dos filhos e netos, Rosária guarda na estante de casa, ao lado das fotos da família e imagens religiosas, os folhetos da festa que a emociona há mais de oito décadas.

“O Divino é tudo na minha vida. Tudo o que peço pra Ele, sou atendida. Ele sempre está comigo”, declara Rosária com a convicção de quem construiu uma vida alicerçada na fé.

A ligação com a Festa do Divino começou quando ela ainda era criança e vivia na zona rural de Jacareí. Lembra das procissões a cavalo, da bandeira sendo recebida com orações e refeições feitas pelos vizinhos. “Era uma festa que nascia do povo”, recorda a neta Michelle Casarini.

Aos 17 anos, Rosária se mudou para Mogi das Cruzes e passou a frequentar a tradicional celebração da cidade. Mesmo após se mudar para Curitiba aos 85, por motivos de saúde, jamais deixou de retornar a Mogi para acompanhar a festa.

Sua parte favorita é a Entrada dos Palmitos, cortejo que envolve cavalos, bois e fiéis carregando bandeiras. A cena a transporta de volta à infância na roça. Apesar das limitações da idade, ela ainda faz questão de vivenciar esse momento de perto.

A fé de Rosária se tornou um legado familiar. Ela conduz orações ao longo do ano com base nos livretos da festa, e faz do Divino o tema central de seus aniversários há mais de uma década. “É o amor dela que nos contagiou. Hoje, a festa é parte do nosso calendário familiar”, conta Michelle, com orgulho.

A família também celebra conquistas com orações ao Divino — mudanças de casa, novos empregos ou vitórias pessoais. “Sempre nos reunimos, e é a vó quem conduz a reza”, afirma a neta.

Rosária costuma participar das atividades do último fim de semana da festa, incluindo a alvorada e, claro, a Entrada dos Palmitos. Para ela, a fé não envelhece. Pelo contrário: só se fortalece.

“O Divino sempre esteve comigo, e eu com Ele”, resume a devota, emocionada, ao ver a bandeira vermelha e branca tremulando mais uma vez.


Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato