Dos 5.604 pacientes atendidos no Pró-Criança, no Mogilar, entre os dias 1º e 24 de junho, cerca de 20% são moradores de outras cidades. Os residentes em Mogi das Cruzes somam 4.620 e 984 têm endereço fora do município, sendo a maioria de Suzano (296 crianças), Biritiba Mirim (244), Poá (94), Ferraz de Vasconcelos (88), Itaquaquecetuba (87) e Salesópolis (70). Outros 32 moram na Capital Paulista (32), 19 (Santa Isabel), 17 (Arujá), 15 (Guararema) e os demais em outras cidades.
No início desta semana, das crianças no setor de Observação da unidade de saúde pediátrica, a maioria das crianças era proveniente de outros municípios da região do Alto Tietê. O cenário é recorrente, principalmente em momentos de maior demanda, como nos períodos de picos de doenças respiratórias, como o atual.
Na última segunda-feira (23/06), das seis crianças internadas, com idades entre 1 mês e 4 anos, quatro eram pacientes regulados pelo Sistema Informatizado de Regulação do Estado de São Paulo (Siresp), antigo Cross, e moradores de fora da cidade - três de Suzano e um de Salesópolis. Apenas dois pacientes residem em Mogi das Cruzes.
Os registros reforçam a necessidade de ampliação do serviço de atendimento pediátrico nas demais cidades da região, que em casos mais graves, procuram o Pró-Criança na tentativa de conseguirem vaga de internação no Hospital Luzia de Pinho Melo, localizado em frente a unidade de saúde mogiana.
Em relação à crescente demanda no Pró-Criança e à necessidade de ampliação do serviço na região, a Secretária Municipal de Saúde e Bem-Estar, Rebeca Barufi, destacou a urgência do apoio do Governo do Estado no atendimento ao recente ofício entregue à Secretaria de Estado da Saúde para ampliação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Luzia de Pinho Melo, referência para casos mais graves de todo o Alto Tietê e também de outras regiões.
"O aumento da procura por atendimentos pediátricos não é um fenômeno isolado de Mogi das Cruzes, mas sim um reflexo da situação de saúde de toda a região do Alto Tietê. A ampliação do número de leitos de UTI Pediátrica no Hospital Luzia de Pinho Melo é uma medida essencial para garantir um atendimento de qualidade para as crianças da cidade e dos municípios vizinhos. Pedimos ao Governo do Estado que atenda a essa necessidade urgente, que se reflete diretamente na vida das nossas crianças", destaca Rebeca.
Outro ponto destacado pela coordenadora de Enfermagem do Pró-Criança, Tatiana Melo, é que devido à falta de vagas de internação hospitalar, a maioria dos pacientes permanece na unidade em tempo superior ao ideal. “A unidade acaba funcionando como mini-internação, quando deveria ser um pronto atendimento. Os pais e responsáveis por crianças vindas de outras cidades avaliam que a assistência oferecida aqui é melhor e apresenta maior resolutividade do que em seus municípios de origem. Além disso, muitos ficam na observação de 3 a 4 dias, até receberem alta, quando deveriam ficar no máximo 24 horas”, explica.
Mais leitos. Devido à elevada demanda de pacientes registrada nas unidades de atendimento de urgência e emergência de Mogi, a Prefeitura Municipal encaminhou, no mês passado, ofício ao Governo do Estado de São Paulo solicitando a realização de estudo técnico para ampliação de leitos de UTI no Hospital Luzia. No documento endereçado ao secretário de Estado da Saúde, Eleuses Paiva, e ao Departamento Regional de Saúde I, é apontada a necessidade de implantação de 30 leitos de UTI, sendo 20 adultos e 10 pediátricos, na unidade hospitalar.
A necessidade de ampliação de leitos de UTI, segundo o vice-prefeito Téo Cusatis, é justificada diante da elevação da demanda por atendimentos de urgência e emergência na cidade, especialmente na pediatria. “Estamos constatando aumento da procura nas unidades de pronto atendimento do município, principalmente devido à maior incidência de doenças respiratórias típicas desta época do ano e que podem exigir internação hospitalar”, explica.
Soma-se a este cenário mais um agravante: o fechamento da UTI pediátrica do Hospital e Maternidade Mogi Mater, da rede particular.
A Secretaria Municipal de Saúde aponta que, apenas nos quatro primeiros meses de 2025, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Mogi realizaram 217.109 atendimentos, dos quais 1.007 foram classificados como casos graves, exigindo estabilização imediata e suporte intensivo em ambiente especializado. Ainda nesse período, 3.509 pacientes ficaram em observação prolongada nas UPAs, com tempo médio de permanência de 12 horas, 54 minutos e 47 segundos, evidenciando o uso prolongado e inadequado dessas unidades para internações que deveriam ocorrer em ambiente hospitalar.
Ainda de acordo com a pasta, foram registrados 1.778 casos que necessitaram regulação para transferência hospitalar, dos quais 683 foram classificados como “vaga zero”, ou seja, se tratavam de pacientes em estado crítico, com necessidade de leito de UTI imediato, mas sem disponibilidade na rede pública no momento da regulação. Mesmo operando com sua capacidade já comprometida, o Hospital das Clínicas Luzia de Pinho Melo foi responsável por receber 58,33% dessas transferências, o que reafirma sua posição estratégica como unidade de referência para os casos mais graves na região.