Prefeitura flagra idosos com piolhos, sarna e desnutrição em abrigo clandestino em Contagem

 Uma vistoria realizada na casa de repouso Lar Vovó Maris, localizada em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, revelou um cenário de abandono e graves violações aos direitos dos idosos. O espaço foi interditado na última quarta-feira (28), após a constatação de más condições de higiene, alimentação inadequada e suspeitas de negligência.

Durante a ação, equipes da Vigilância Sanitária, da Secretaria de Saúde do município e da Polícia Civil encontraram carne estragada na cozinha, fezes de rato nos quartos, paredes com mofo, fiação exposta, esgoto a céu aberto e um forte odor de urina. A infraestrutura da casa era precária e sem alvará de funcionamento — apesar de já ter sido interditada em março deste ano, a unidade continuava em atividade.

Segundo a prefeitura, 17 idosos foram resgatados em situação crítica: com sinais de desnutrição, sarna, piolhos, assaduras, roupas sujas e fraldas molhadas. No total, 30 idosos já foram retirados do local, e todos receberam atendimento médico, alimentação, banho e medicação. A diretora do Serviço Social Autônomo de Contagem, Renata Soares, afirmou que foi necessário mobilizar leitos, enfermeiros e técnicos extras para o acolhimento.

As denúncias vieram à tona após o relato de uma idosa de 86 anos, que vivia no local há nove meses. Ela alertou autoridades sobre maus-tratos e negligência, o que motivou a fiscalização.

Além das condições sanitárias alarmantes, a Polícia Civil investiga pelo menos duas mortes ocorridas na instituição. O primeiro caso foi registrado em janeiro, quando o Samu acionou a polícia após constatar sinais de maus-tratos no idoso Liberalino Cardoso e Morais. O segundo óbito ocorreu no dia 6 de maio, e foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) após uma médica constatar ferimentos suspeitos e divergências nos relatos da equipe sobre o ocorrido.

O responsável pelo espaço, Daniel Júlio Gomes, de 42 anos, foi preso na quinta-feira (29) e encaminhado ao Ceresp Gameleira, em Belo Horizonte. Ele é acusado de maus-tratos, apropriação indébita — por reter o cartão de benefício de um idoso — e responde a pelo menos quatro processos relacionados a crimes contra idosos, além de uma tutela inibitória, medida judicial que busca impedir a continuidade das irregularidades.

A filha de uma das vítimas disse ter sido surpreendida pela situação. “No Natal, eles não deixavam a gente subir para ver os quartos. Disseram que o acesso era restrito. Meu pai nunca comentou sobre maus-tratos”, relatou à TV Globo.

As investigações continuam, e a Prefeitura de Contagem afirmou que os idosos permanecerão sob cuidados das unidades de saúde do município até que medidas definitivas de proteção sejam adotadas.

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