Inicialmente voltados para o setor agrícola, os drones agora desempenham um papel importante no enfrentamento ao mosquito Aedes aegypti — vetor da dengue — em Mogi das Cruzes.
A Prefeitura deu início a uma operação que utiliza drones em locais de difícil acesso e com alta incidência de casos da doença. Nos primeiros quatro meses de 2025, a cidade contabilizou mais de 160 infecções confirmadas. “O drone alcança áreas bastante específicas, que não são acessíveis com facilidade. Primeiro fazemos um mapeamento prévio do local. O equipamento então sobrevoa e realiza a aplicação do larvicida. Há muitas residências com piscinas, e o drone facilita esse acesso”, explicou Jefferson Renan de Araújo Leite, diretor do Departamento de Vigilância em Saúde do município.
A primeira intervenção ocorreu em 16 de maio, no bairro Vila Suíssa, no distrito de César de Sousa, e se estendeu a regiões como Mogi Moderno, Vila Cintra e Vila Oliveira. A meta da ação é diminuir a taxa de infestação na cidade.
O produto aplicado pelos drones é um larvicida, utilizado para eliminar larvas de insetos em ambientes com água parada. Os drones são equipados com quatro bicos pulverizadores e têm capacidade para transportar até 8 litros do produto. Um segundo drone é usado para mapear os pontos críticos e indicar as áreas que precisam da aplicação. Segundo Leite, o produto não oferece riscos à saúde de pessoas ou animais.
Apesar de não divulgar as próximas localidades que receberão o serviço, o diretor informou que a intenção é ampliar a operação para toda a cidade.
Uma legislação municipal de 2016 autoriza a entrada forçada em imóveis fechados, medida que pode ser evitada com o uso do drone. “Esse tipo de tecnologia já vem sendo adotada em outras cidades no combate ao Aedes aegypti e representa um apoio significativo. A legislação permite a entrada compulsória, mas os drones tornam a intervenção mais eficiente, menos invasiva e também mais econômica”, destacou o vice-prefeito Téo Cusatis.
Entre janeiro e abril de 2025, Mogi das Cruzes registrou 161 casos confirmados de dengue, sem nenhum óbito. No mesmo período do ano anterior, a cidade havia registrado 14.842 casos e 14 mortes, de acordo com o Painel de Arboviroses do Governo do Estado de São Paulo.
A Prefeitura também reforça que a vacinação segue disponível para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. A vacina pode ser encontrada em todas as unidades básicas de saúde e nos postos do Programa Saúde da Família, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h30 — e até 18h30 nas unidades com horário estendido.
Outra iniciativa lançada em 2025 foi o Zap Dengue, um canal de comunicação via WhatsApp para esclarecimentos e denúncias relacionadas à doença. O número é (11) 99918-6070.
Entenda a dengue
A dengue é uma arbovirose — um grupo de doenças transmitidas por artrópodes, como os mosquitos. O vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do Aedes aegypti e possui quatro variantes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Todos podem causar formas leves ou graves da doença.
Embora qualquer pessoa possa ser infectada, idosos e indivíduos com doenças crônicas como hipertensão e diabetes têm maior probabilidade de desenvolver complicações. Como existem quatro sorotipos diferentes do vírus, é possível contrair dengue até quatro vezes na vida. Após a infecção, o organismo desenvolve imunidade permanente apenas contra o sorotipo específico.
Principais formas de prevenção
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Elimine locais de acúmulo de água: Dê o destino correto para latas, garrafas, pneus e outros objetos que possam servir de criadouro para o mosquito.
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Guarde recipientes de forma adequada: Mantenha garrafas e potes sempre tampados ou virados para baixo.
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Mantenha calhas e caixas-d’água limpas e protegidas: Evite o acúmulo de folhas e sujeira nas calhas e mantenha a caixa-d’água sempre bem vedada.
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Higienize recipientes de armazenamento de água: Tanques e tonéis devem ser lavados semanalmente com escova e sabão. Piscinas devem receber cloração adequada.
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Descarte o lixo corretamente: Embale bem os resíduos e coloque-os em locais apropriados, longe do alcance de animais.
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Cuide das plantas: Evite o uso de pratinhos nos vasos ou retire a água acumulada com frequência.
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Use proteção individual: Reforce as medidas coletivas com o uso de repelentes, inseticidas, telas e mosquiteiros, além de roupas que cubram braços e pernas.