Embora o eclipse dure algumas horas, o momento em que o Sol ficará totalmente coberto pela Lua vai ser de apenas 2 minutos, aproximadamente. Isso dará pouco tempo para os observadores registraram o fenômeno, mas o suficiente para os que estiverem bem preparados, então é provável que vejamos algumas boas imagens nas redes sociais após a data.
Mas, infelizmente, a pandemia da COVID-19 impossibilita a locomoção de muitos observadores e astrofotógrafos acostumados a viajar para ver os eclipses.
Um desses observadores é o cartógrafo de eclipses Michael Zeiler. Ele disse que esta será sua primeira perda de um eclipse solar total em mais de uma década “e esta decepção é aumentada ao saber que o cometa Erasmus deve ser visível durante o eclipse total”. Para ele, será uma rara “oportunidade fotogênica”, já que a última vez que um cometa apareceu durante um eclipse solar total foi em 1948.
Por outro lado, pode ser que o cometa não apareça tão visível quanto os mais otimistas imaginam. É que, embora se trate de um eclipse total, a coroa solar — o envoltório luminoso do Sol — ainda será capaz de emitir um brilho ao redor da sombra lunar. Além disso, o cometa Erasmus estará apenas a 11º da coroa, perto o suficiente para ser ofuscado pela luz coronal.
Mas as chances de ver o cometa não são nulas. Afinal, ele brilhará com magnitude 4 ou 5, o que fica dentro do limite de visibilidade a olho nu, embora seja menos brilhante que a estrela Polaris, por exemplo. É possível que astrofotógrafos profissionais consigam boas imagens, mas talvez o cometa fique invisível a entusiastas não tão bem equipados.
Sobre a chuva de meteoros Geminídeas
Outro presente do cosmos para encerrar 2020 com um bom espetáculo é a chuva de meteoros Geminídeas, que atingirá o pico justamente na manhã do dia 14 de dezembro. Serão até 150 meteoros multicoloridos por hora, uma chuva espetacular, que infelizmente ficará escondida de nossos olhos por causa da luz solar — exceto, talvez, durante o eclipse total.
Novamente, as expectativas devem ser reduzidas para ninguém ficar frustrado, pois, assim como o cometa, os meteoros também podem não ficar muito visíveis. Talvez o segredo para ver alguma “estrela cadente” seja olhar para uma região longe do radial da chuva Geminídeas, porque deve ser mais fácil perceber os meteoros através da visão periférica, e não olhando diretamente para eles.
Mais uma vez, a vantagem será dos astrofotógrafos que estiverem bem equipados. Com um tripé e uma câmera capaz de tirar fotos de longa exposição, pode ser que algumas imagens do eclipse venham com alguns riscos de meteoros “de brinde”. Ainda existe a possibilidade de deixar uma câmera filmando em time lapse durante os 2 minutos de eclipse total, o que também pode resultar em alguns riscos luminosos no céu escurecido pela sombra lunar.
Infelizmente, com muitos fotógrafos impossibilitados de viajar a áreas mais favoráveis à observação, devido à pandemia, teremos que contar com um contingente menor, se quisermos ver as imagens: os habitantes do Chile e da Argentina. Se os fotógrafos que já estão por lá conseguirem fazer bons registros, é provável que essas fotos circulem pela internet - E a Mogi interativa vai mostrar tudo para você.
Sobre a estrela de Natal
Um fenômeno astronômico raro poderá ser observado de Mogi das Cruzes, todo Brasil e de praticamente toda a Terra do dia 16 a 21 de dezembro deste ano.
Será o alinhamento de Júpiter e Saturno, que estarão próximos e devem parecer um planeta duplo (dois pontos brilhantes).
As conjunções são raras porque cada planeta demora um tempo diferente para girar em torno do Sol. A Terra, por exemplo, leva 1 ano. Já os planetas Júpiter e Saturno completam a volta em cerca de 12 e 30 anos, respectivamente.
"Todos os corpos celestes estão em movimento. Em especial, o Sol e os planetas se movimentam em uma linha no céu chamada Eclíptica. Quando ocorre um cruzamento entre os planetas a gente chama de conjunção", afirma Felipe Navarete, pesquisador do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP (IAG-USP).
Segundo astrônomos, Júpiter e Saturno estiveram tão próximos pela última vez em 1623. O fenômeno mais similar, porém, ocorreu no século 13, há quase 800 anos.
O pesquisador do IAG-USP diz que, apesar de os planetas estarem próximos, a distância ainda vai ser de quase 700 milhões de quilômetros. "Esse efeito, essa conjunção ocorre a cada 400 e poucos anos. Século 13, século 17 e agora 21. Encontros semelhantes podem acontecer mais frequentemente, mas as máximas aproximações no céu são bem raras e demoram mais tempo para ocorrer."
"Ao longo dos dias a distância entre os pontos vai diminuir. No dia 21 será a distancia mínima. A olho nu você consegue separar os planetas: Júpiter e Saturno. Júpiter será mais brilhante. A olho nu vai dar para ver, embora não dê para enxergar os detalhes. Com binóculo pequeno você já consegue começar a ver melhor os detalhes", afirma Navarete.
"Júpiter e Saturno são os maiores planetas do sistema solar. São também os planetas com mais luas. Júpiter desempenha um papel muito grande porque graças a ele a gente não tem muitos asteróides que poderiam colidir com a Terra. Ele segura os asteróides a uma distância segura da gente."
Navarete destaca ainda que esse fenômeno astronômico raro será um dos assuntos tratados em uma palestra, transmitida pelo canal do YouTube do instituto, às 19h desta terça-feira (8). O evento é organizado pelo projeto “Asteonomia para todos".